terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Educação infantil: os desafios da qualidade na diversidade

Maria de Fatima Guerra de Sousa[1]


Educação infantil, qualidade e diversidade são conceitos que se relacionam entre si. Há muito que a literatura especializada tem mostrado que apenas os programas de educação infantil de qualidade são capazes de ter efeitos positivos e duradouros na vida da criança. Educação e qualidade são processos em permanente construção. A diversidade é parte da nossa natureza e uma das características básicas do mundo em que vivemos.

A questão da qualidade tem integrado agendas multidisciplinares. Exige-se, cada vez mais, qualidade nos bens, produtos, serviços e no meio ambiente. Mais recentemente, a qualidade de vida, associada ao conceito de saúde e ao bem estar das pessoas, das comunidades e das populações, se agrega a este conjunto de exigências. De certa forma, o conceito de qualidade se insere no de cidadania.

Como espécie, somos bem semelhantes. Mas como indivíduos ou como mentes construídas e em construção, somos bastante diversificados - tanto do ponto de vista físico ou orgânico, quanto do sócio-cultural e histórico. Ao nascermos, encontramos um meio social determinado histórica e culturalmente. Vivendo, estabelecemos relações e desenvolvemos ações de natureza diversas, tendo a cultura como importante mediadora. A nossa herança genética e as nossas interações com o meio nos diferenciam e são importantes ferramentas para que possamos construir conhecimentos e nos construir como seres humanos. A educação é uma ferramenta básica que cria, influencia, aproxima ou afasta as nossas semelhanças e diferenças individuais e sociais. Educar e viver não são coisas distintas.

Os anos iniciais da vida são decisivos. Entre 0 e 6 anos as bases do nosso ser começam a se estruturar. As diversas áreas do desenvolvimento - física, motora, sexual, afetiva e cognitiva são estimuladas e iniciam seu processo de formação e integração. Mudanças significativas ocorrem no nosso cérebro. Surgem os primórdios da nossa identidade, do nosso auto conceito e da nossa auto-estima. As nossas interações com o meio passam a ser progressivamente mais complexas. Começamos o nosso auto conhecimento e iniciamos as nossas aprendizagens relativas ao outro e ao mundo mais amplo onde estamos inseridos. Iniciamos as aprendizagens do viver e conviver em sociedade, do comportar-se segundo regras, normas e padrões sociais, do observar os direitos e deveres. Surgem os primórdios dos comportamentos éticos e solidários. Enfim, nesse importante período da vida estamos começando a nossa caminhada na direção de conquistas cada vez mais amplas do exercício da cidadania. A dinâmica e urgência dessa etapa inicial da vida estão bem resumida nas palavras da poetisa chilena Gabriela Mistral. Diz ela:

[1] Ph.D em Educação Infantil. Professora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília - UnB. Consultora do SESI para o “Seminário Nacional de Educação Infantil: Identidade na Diversidade”. Belém, Pará. Agosto de 1998.

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